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Fagundes, Paraíba, Brazil
Primeiramente, faço poemas porque amo escrever. Embora, talvez, meus textos não sigam padrões, não estejam certos e nem cheguem a categoria nenhuma, faço-o porque me sinto bem e acho isso o mais importante. E quanto a mim, não tenho características certas, pois no mundo em que vivemos não importa qual seja a sua verdade, cada um pensa aquilo que quer.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Inocente Morto- Eduarda Dantas


Aqui estou, jogado no chão quente do meio-dia. Vejo pessoas desconhecidas a me olharem deitado aqui na esquina. Apontam para mim, comentando entre eles o que havia acontecido.
Sinto alguém segurar a minha mão, é a minha mãe que, chorando, me beija. Ajoelha-se ao meu lado e com a outra mão, alisa meus cabelos. Parece não acreditar que tiraram minha vida.
No pouco tempo que me resta, me recordo do que ainda tinha que fazer. Estava à espera de uma moto, que eu iria ganhar nos meus dezoito anos, só faltavam 4 meses. Havia minha namorada, que ontem descobriu que não era a única a sair comigo. Também tinha os amigos, as festas, as viagens que fazíamos e estávamos marcando outra para esse próximo final de semana, sem conhecimento de nossos pais. Estava procurando um emprego, mas enquanto ele não chegasse, iria me divertir. “Nossa, minha mãe vai me matar!” esqueci de tirar as minhas roupas sujas do quarto pra ela poder lavar.
Eu também iria fazer a... a... eu não lembro mais! Estou sentindo um grande aperto em meu peito. Sinto o meu sangue se misturar com esse asfalto. Percebo que meus olhos já não aguentam mais estarem abertos e meu coração parece estar parando.
Está doendo meu peito, estou largando a mão da minha ‘velha’. Eu nunca a vi chorar tanto por mim. Ela pede que eu não a deixe, mas me sinto fraco, sem forças para continuar ali. Queria poder lhe dizer  obrigado por tudo e me desculpar pelas tantas travessuras, pela roupa suja também. Por tantas vezes que fui um moleque e não agi como um homem. Por tantas mentiras e por aquelas que ainda iriam acontecer.
Agora, nem mentiras e nem verdades. Fui acertado bem no meio do peito, vítima de uma bala perdida das muitas que acontecem por aí. Mas me pergunto, “Por que comigo? Por que estava ali naquela hora? Por quê?”.
Já não adianta fazer questionamentos, talvez um dia descubram os “porquês” desse acontecido. Pois estou vendo tudo preto e a visão que tenho da minha mãe vai sumindo. Meus olhos agora se fecham de uma vez, para não mais abrirem.


* Baseado em Fatos Reais

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