Quem sou eu

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Fagundes, Paraíba, Brazil
Primeiramente, faço poemas porque amo escrever. Embora, talvez, meus textos não sigam padrões, não estejam certos e nem cheguem a categoria nenhuma, faço-o porque me sinto bem e acho isso o mais importante. E quanto a mim, não tenho características certas, pois no mundo em que vivemos não importa qual seja a sua verdade, cada um pensa aquilo que quer.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Velha Infância- Eduarda Dantas

Quando criança, percebia que pra ser feliz não precisava de muita coisa. Meu sorriso estampava-se em apenas conseguir fazer uma bola de sabão bem grande num canudo. Achava-me importante quando misturava os ingredientes para fazer um bolo, e um pouco mimada por ser a caçula.
Época boa era a de são João. Meus dentes pretos do milho assado, os fogos, as fogueiras e as simpatias que os mais velhos faziam dizendo dar certo, era a alegria da época. Eu não entendia o que eram aquelas brasas numa bacia ou uma aliança batendo num copo, só ouvia a discussão do pessoal dizendo que a simpatia só dava certo para quem acreditava.
Quando chegava dezembro, a ansiedade era grande para arrumar a sala. “Uma bolinha aqui, aquele enfeite ali”, e meu presente só iria chegar na noite de natal. Pedi a papai Noel uma sandália que vinha com uma boneca. Com o tempo, mais crescidinha, sabia que era minha mãe quem comprava os presentes para pôr na árvore, mas fingia não saber de nada para continuar ganhando.
Pula-corda, amarelinha, pique - esconde... ah, que saudade! Eu e meus amigos íamos brincar na rua e a brincadeira só terminava quando uma de nossas mães nos chamava da porta de suas casas, dizendo que já era hora de dormir.
Quando ia me deitar, lembro-me que rezava. Por vezes a oração era rápida ou eu acabava dormindo antes de terminá-la, mas rezava como quem amava.
Hoje, sinto uma enorme saudade daquele tempo em que as lágrimas que escorriam em meu rosto eram devido aos meus joelhos machucados, não por pessoas que ferem e deixam marcas.
Percebi que, quando criança, eu dava mais valor ao simples, pois me encantava em ver as belas cores do arco-íris e me imaginava tocando o céu. Hoje, parece que as cores do arco-íris não tem mais tanta beleza e o céu é tão alto que meus pés jamais se esticariam,  tanto, para eu tocá-lo
Ser forte antes era pra quem tinha coragem, hoje é pra quem tem força. Ser popular era pra quem tinha dignidade, hoje pra quem tem dinheiro.
Atos de respeito como um “bença pai, bença mãe”, estão se desfazendo. A confiança está em extinção e os pensamentos inocentes também.
Se no meu tempo de criança eu soubesse o que sei do mundo hoje, jamais teria crescido.