
De que adianta um céu tão azul,
Um vento aparentemente leve,
Se não consigo voar?
De que adianta ter asas tão belas,
Ter uma gaiola aberta,
Se tenho medo de tentar?
Era pequeno quando me tornei prisioneiro,
Meus sonhos eram pesadelos
Dentro de uma prisão.
O meu canto era tristonho, eu me lembro,
Minha companhia era o tempo,
O acorde da minha canção.
Era nele que minha liberdade viria,
Minhas asas cresceriam,
E seria hora de partir.
O mundo eu viria mais de perto,
Longe das grades de ferro
Que por muito tempo vivi.
Mas dentro da minha gaiola,
Ouço diversas histórias
De um mundo tão violento.
Onde matam,
Onde mentem,
Onde têm sangue e tormento.
O medo é meu inimigo,
Inibe as minhas asas,
Tanto tempo prisioneiro,
Tantos traumas e marcas.
Podem me abrir a porta,
Mas vou ficar no meu lugar,
Cansada de viver sangrando,
Não tenho forças para voar.
Sou pássaro que sofre
Na terrível incerteza
De não saber qual é o mundo
Que tenha menos tristeza.
É por medo de ariscar
Que permaneço onde estou
Vivendo em um penar
Que meu ser se acostumou...